quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A MULHER COMO MERCADORIA


Desde a infância, a mulher tem seu papel pré-determinado na sociedade. Somos educadas para sermos dóceis, sensíveis, delicadas e sempre na condição de submissa ao sexo masculino. Sempre nos coube as funções da maternidade, o cuidado com os filhos e com a casa e a obediência ao marido. Enquanto ao homem couberam as tarefas externas e a independência sexual permitida e estimulada.
"A ditadura da beleza imposta pela sociedade burguesa reduz as mulheres a simples mercadorias, objetos de consumo."
Paralelo a isso, surge a supervalorização de um padrão estético, reduzindo a mulher a seu corpo. A ditadura da beleza imposta pela sociedade burguesa reduz as mulheres a simples mercadorias, objetos de consumo. Os meios de comunicação em geral, exigem que a mulher tenha o mesmo estereótipo das grandes modelos, ou seja, cabelos lisos, um corpo malhado e bronzeado, o que não representa, de fato, a população brasileira.
A busca desenfreada para alcançar esse padrão de beleza estimula o consumo de produtos, favorecendo o lucro das clínicas de estética, academias, cosméticos, entre outros. Sem falar nos distúrbios alimentares como bulimia, anorexia e depressões, em geral causadas pela frustração em não alcançar a imagem ditada pela mídia.
A mercantilização do corpo da mulher é expressa de forma mais violenta no tráfico de mulheres, movimentando um mercado altamente lucrativo. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), O tráfico internacional de mulheres movimenta US$ 32 bilhões por ano e escraviza um milhão de mulheres para atividades sexuais, principalmente em países da Europa como Espanha, Holanda, Itália, Suíça, Alemanha e França1.
A imagem da mulher tratada como objeto sexual é tida como algo natural, estando sempre estampada em comerciais de carros do ano e garrafas de cerveja. Imagem inalcançável para a maioria das mulheres brasileiras, que mesmo não dispondo de renda necessária, gastam uma fortuna para atender ao padrão de beleza divulgado.
"O tráfico internacional de mulheres movimenta US$ 32 bilhões por ano..."
É necessário que haja um combate cotidiano a esses estereótipos, desmistificando a imagem da mulher como “mulher sexual”, valorizando a mulher como ela é, um ser que pensa e age sobre o mundo. Lembrando que as mulheres já conquistaram direitos nos espaços público e privado, índices mais altos de escolaridade e participação significativa no mercado de trabalho.



Fontes: OIT (Organização Internacional do Trabalho).

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

PELO DIREITO DE SER LESBICA

Se as mulheres em geral não tiveram todas as suas reivindicações atendidas, a situação é ainda pior para as mulheres lésbicas. Estas sim são consideradas seres invisíveis na sociedade, ficando sempre à margem das discussões e fora das estatísticas.
Vivendo o preconceito em todas as esferas da vida, social, econômica e política, ainda são vítimas da violência, mental e sexual. Muitas famílias ao descobrirem que as filhas são lésbicas querem impor um comportamento heterossexual como normalização da prática sexual do indivíduo.
A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil. Cerca de uma em cada cinco brasileiras (19%)declara espontaneamente ter sofrido algum tipo de violência por parte de algum homem. Mas quantas delas são lésbicas? Não existem dados oficiais sobre violência contra mulheres lésbicas, aumentando a sua invisibilidade.
Isso se deve, em primeiro lugar, ao próprio sistema educacional que limita o assunto sexualidade à reprodução humana. Não existem educadores preparados para o tema e o grau de homofobia nas escolas ainda é muito grande, não existindo políticas especificas para trabalhar o problema.
A saúde pública também não está preparada para atender as munheres lésbicas. Dificilmente falam de prevenção e não indicam os métodos anticoncepcionais adequados, tratando muitas delas como mulheres que não mantem uma vida sexual ativa e sadia. As próprias lésbicas, muitas vezes, não assumem publicamente sobre a sua sexualidade, por medo de serem reprimidas ou por achar que sofrem de alguma doença. E como se não bastasse, muitos homens também não respeitam o relacionamento entre lésbicas, tratando-as somente como um fetiche para a realização de suas fantasias sexuais.
A situação das mulheres lésbicas se torna mais drástica quando ela é combinada com a exploração capitalista, ou seja, quando são as mulheres da classe trabalhadora que precisam afirmar a sua sexualidade. As mulheres da burguesia podem exercer a sua sexualidade com mais autonomia, pois devido às suas condições econômicas podem frequentar bares e outros lugares específicos para homossexuais, enquanto as lésbicas da classe trabalhadora sofrem preconceitos muito maiores.

Creio que a única saída para combater a discriminação e a homofobia seja cobrar do governo que realmente haja um serviço público de qualidade, onde as diferenças de raça, gênero e preferência sexual sejam respeitadas.
A luta pela construção de um verdadeiro socialismo passa pela a aceitação das diferenças, onde todos poderão expressar a sua sexualidade livremente, sem opressão e discriminação. Enquanto isso não acontece, é necessário que tenhamos políticas públicas que assegurem a punição e impeçam os atos de violência contra mulheres, lésbicas e trabalhadoras.


Por Elaine Zaragosa