sexta-feira, 27 de novembro de 2009

PELO DIREITO DE SER LESBICA

Se as mulheres em geral não tiveram todas as suas reivindicações atendidas, a situação é ainda pior para as mulheres lésbicas. Estas sim são consideradas seres invisíveis na sociedade, ficando sempre à margem das discussões e fora das estatísticas.
Vivendo o preconceito em todas as esferas da vida, social, econômica e política, ainda são vítimas da violência, mental e sexual. Muitas famílias ao descobrirem que as filhas são lésbicas querem impor um comportamento heterossexual como normalização da prática sexual do indivíduo.
A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil. Cerca de uma em cada cinco brasileiras (19%)declara espontaneamente ter sofrido algum tipo de violência por parte de algum homem. Mas quantas delas são lésbicas? Não existem dados oficiais sobre violência contra mulheres lésbicas, aumentando a sua invisibilidade.
Isso se deve, em primeiro lugar, ao próprio sistema educacional que limita o assunto sexualidade à reprodução humana. Não existem educadores preparados para o tema e o grau de homofobia nas escolas ainda é muito grande, não existindo políticas especificas para trabalhar o problema.
A saúde pública também não está preparada para atender as munheres lésbicas. Dificilmente falam de prevenção e não indicam os métodos anticoncepcionais adequados, tratando muitas delas como mulheres que não mantem uma vida sexual ativa e sadia. As próprias lésbicas, muitas vezes, não assumem publicamente sobre a sua sexualidade, por medo de serem reprimidas ou por achar que sofrem de alguma doença. E como se não bastasse, muitos homens também não respeitam o relacionamento entre lésbicas, tratando-as somente como um fetiche para a realização de suas fantasias sexuais.
A situação das mulheres lésbicas se torna mais drástica quando ela é combinada com a exploração capitalista, ou seja, quando são as mulheres da classe trabalhadora que precisam afirmar a sua sexualidade. As mulheres da burguesia podem exercer a sua sexualidade com mais autonomia, pois devido às suas condições econômicas podem frequentar bares e outros lugares específicos para homossexuais, enquanto as lésbicas da classe trabalhadora sofrem preconceitos muito maiores.

Creio que a única saída para combater a discriminação e a homofobia seja cobrar do governo que realmente haja um serviço público de qualidade, onde as diferenças de raça, gênero e preferência sexual sejam respeitadas.
A luta pela construção de um verdadeiro socialismo passa pela a aceitação das diferenças, onde todos poderão expressar a sua sexualidade livremente, sem opressão e discriminação. Enquanto isso não acontece, é necessário que tenhamos políticas públicas que assegurem a punição e impeçam os atos de violência contra mulheres, lésbicas e trabalhadoras.


Por Elaine Zaragosa

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