quinta-feira, 26 de novembro de 2009



La Lunna 08 – MULHERES NEGRAS, A TRIPLA OPRESSÃO: GÊNERO, RAÇA E CLASSE

No dia 20 de novembro comemoramos o dia nacional da consciência negra. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares. Além de todas as questões relacionadas ao povo negro, devemos dar especial atenção às mulheres negras. Expostas a uma tripla opressão, as mulheres negras sofrem com o gênero por ser mulher, com a raça por ser negra e, principalmente com a classe, por pertencer à sociedade capitalista, que oprime e inferioriza a mulher negra.
As mulheres negras compõem um grande exército de reserva na sociedade capitalista. Segundo dados do IPEA, são as últimas na escala de renda, as primeiras a serem demitidas, alvo prioritário de violência social, sendo usada como produto/mercadoria barata. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor. Em comparação às outras mulheres, são as que ingressam mais precocemente no mercado de trabalho, geralmente em profissões que não exigem qualificação técnica ou intelectual. O número de mulheres negras que trabalham como domésticas é sempre maior do que em mulheres brancas.
Além da discriminação no mercado de trabalho, a saúde da mulher negra sofre algumas particularidades, como por exemplo, a anemia falciforme, uma doença hereditária, muito comum nas mulheres negras, originária da África, que se espalhou pelas Américas com o tráfico de escravos. Além da anemia falciforme, outras doenças que afetam particularmente as mulheres negras são os miomas uterinos e a hipertensão arterial. Isso ocorre devido a não inclusão do item raça nos prontuários médicos, o não diagnóstico precoce da anemia falciforme, e principalmente, pela falta de campanhas sobre a saúde da população negra.
Os meios de comunicação também contribuem para a desvalorização da mulher negra. A sua imagem geralmente é de símbolo sexual, ignorando toda a manifestação cultural, religiosa e artística da comunidade negra. O Brasil é uma das principais rotas do turismo sexual e do tráfico internacional de mulheres, onde meninas, jovens e mulheres não-brancas, especialmente das regiões norte e nordeste do país, são alvos fundamentais da indústria internacional do sexo. A manipulação da identidade cultural, étnica e racial dessas mulheres é o elemento constitutivo do sexy marketing que suporta o aliciamento e a exploração sexual dessas mulheres.
Como vimos as mulheres negras, são as maiores vítimas das desigualdades sociais, da violência, da pobreza, da baixa escolaridade e da divulgação de sua imagem como mercadoria. É importante que essa data seja vista como um passo na construção de uma sociedade onde as diferenças raciais, assim como as de gênero e classe sejam erradicadas e não precise haver datas especiais para lembrarmos que é fundamental aceitar as diferenças.

MULHERES NEGRAS, A TRIPLA OPRESSÃO: GÊNERO, RAÇA E CLASSE
Por Elaine Zaragosa
Fontes: IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); Gelédes.org.br; IBGE.gov.br; PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio); mulheresnegras.org ;
MULHERES NEGRAS, A TRIPLA OPRESSÃO: GÊNERO, RAÇA E CLASSE
No dia 20 de novembro comemoramos o dia nacional da consciência negra. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares. Além de todas as questões relacionadas ao povo negro, devemos dar especial atenção às mulheres negras. Expostas a uma tripla opressão, as mulheres negras sofrem com o gênero por ser mulher, com a raça por ser negra e, principalmente com a classe, por pertencer à sociedade capitalista, que oprime e inferioriza a mulher negra.
As mulheres negras compõem um grande exército de reserva na sociedade capitalista. Segundo dados do IPEA, são as últimas na escala de renda, as primeiras a serem demitidas, alvo prioritário de violência social, sendo usada como produto/mercadoria barata. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor. Em comparação às outras mulheres, são as que ingressam mais precocemente no mercado de trabalho, geralmente em profissões que não exigem qualificação técnica ou intelectual. O número de mulheres negras que trabalham como domésticas é sempre maior do que em mulheres brancas.
Além da discriminação no mercado de trabalho, a saúde da mulher negra sofre algumas particularidades, como por exemplo, a anemia falciforme, uma doença hereditária, muito comum nas mulheres negras, originária da África, que se espalhou pelas Américas com o tráfico de escravos. Além da anemia falciforme, outras doenças que afetam particularmente as mulheres negras são os miomas uterinos e a hipertensão arterial. Isso ocorre devido a não inclusão do item raça nos prontuários médicos, o não diagnóstico precoce da anemia falciforme, e principalmente, pela falta de campanhas sobre a saúde da população negra.
Os meios de comunicação também contribuem para a desvalorização da mulher negra. A sua imagem geralmente é de símbolo sexual, ignorando toda a manifestação cultural, religiosa e artística da comunidade negra. O Brasil é uma das principais rotas do turismo sexual e do tráfico internacional de mulheres, onde meninas, jovens e mulheres não-brancas, especialmente das regiões norte e nordeste do país, são alvos fundamentais da indústria internacional do sexo. A manipulação da identidade cultural, étnica e racial dessas mulheres é o elemento constitutivo do sexy marketing que suporta o aliciamento e a exploração sexual dessas mulheres.
Como vimos as mulheres negras, são as maiores vítimas das desigualdades sociais, da violência, da pobreza, da baixa escolaridade e da divulgação de sua imagem como mercadoria. É importante que essa data seja vista como um passo na construção de uma sociedade onde as diferenças raciais, assim como as de gênero e classe sejam erradicadas e não precise haver datas especiais para lembrarmos que é fundamental aceitar as diferenças.



Por Elaine Zaragosa



Fontes: IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); Gelédes.org. br; IBGE.org.br; PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio); mulheresnegras.org.br;




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